Depressão: quando a vida perde o sabor
Muitos autores têm conceituado a depressão como o mal do século. Não é para menos, tantas exigências do mundo moderno e tecnológico, com mínimas possibilidades de atingirmos o que nos é solicitado, leva a uma sensação de incompetência e fracasso, o que pode funcionar como uma bomba em nossa autoestima. Outro aspecto que também pode ser levantado é a comparação, em um mundo onde somos comparados desde muito cedo, a princípio dentro da nossa família; sofremos este processo tantas vezes que ele se torna automático. A comparação é reflexo de uma sociedade de consumo, na qual produtos competem para melhor proporcionar prazer, pelo menos a ilusão do prazer, ao consumidor; a comparação assim torna-se parte de nossa subjetividade. Hoje não precisamos mais de ninguém dizendo: por que você não é igual ao seu irmão? Automaticamente, o que parece ser até natural, nos comparamos com nossos colegas de trabalho, nossos amigos e até mesmo com aquela celebridade que tem uma imagem ficcional.
O ser humano é tão rico e diverso, será que temos uma só maneira de sermos felizes? É claro que não, contudo, com nossa singularidade não respeitada e a solidão imposta pela vida moderna, tendemos a achar que somos os únicos a passar por uma determinada situação, terreno fértil para o desenvolvimento da depressão.
O senso comum costuma utilizar o termo para quando estamos “meio pra baixo”, contudo a depressão tem características específicas, desde sensações de tristeza e pensamentos negativos até dores repetitivas e enjôos. Esta doença pode ter várias formas, algumas de difícil diagnóstico, pois um único sintoma não caracteriza a doença, mas é necessário um conjunto deles para que o diagnóstico possa ser fechado. Dentre os sintomas podemos destacar:
- Perda de energia ou interesse
- Humor deprimido
- Dificuldade de concentração
- Alterações do apetite e do sono
- Lentificação das atividades físicas e mentais
- Sentimento de pesar ou fracasso
- Sensação de desconforto no batimento cardíaco,
- Constipação
- Dores de cabeça
- Dores musculares
- Dificuldades digestivas.
Movimentos cíclicos de melhora e piora são comuns neste quadro, o que pode dar a falsa sensação de que o paciente está melhorando sozinho, contudo muitas pessoas sem um diagnóstico e o devido tratamento tendem a ter uma piora significativa do quadro com o passar do tempo.
O acompanhamento profissional específico e a possibilidade de reflexão e tomada de consciência sobre o papel singular deste paciente na sua história de vida e no seu grupo social pode ajudar ao combate da depressão, uma doença contextualizada social e historicamente, mas que possui uma dimensão devastadora para quem convive com ela diariamente.